San
Blas é exuberante, um arquipélago formado por 365 ilhas, algumas
são tão pequenas que possuem apenas um coqueiro. Mesmo nas maiores
giramos 360 graus em toda a ilha sem muito esforço percorrendo suas
praias de areias brancas. Os coqueiros verdes, além de
contribuírem para o visual paradisíaco, nos permitem beber água de
coco fresquinha. Num local aonde falta água doce, água de coco é
tão abundante quanto a água potável na "vida urbana".
Outra riqueza ofertada por este pedacinho de céu é o mar,dominado por águas transparentes, nos apresenta vários tons de azul e verde de acordo com a intensidade da luz do sol. Não podemos identificar o horizonte
facilmente, o azul do céu se junta ao azul do mar e no meio deste
infinito avistamos pequenas ilhas verdes! Este lugar é a Kuna Yala (Montanha Kuna). Dentro das ilhas habitam os
índios Kunas, trajando roupas extremamente coloridas, chamadas molas,
artesanato produzido pelas mulheres. Para quem procura cores
vibrantes ali é o melhor lugar do mundo! Nós encontramos, além das
cores, o carisma dos Kunas. A população, com mais de 32 mil índios, é organizada politicamente e mantém o domínio administrativo e econômico da província. E mais,
lutam pela manutenção da cultura Kuna no território e brigam para
continuarem explorando o turismo sem interferência da industria de
viagens. Os Kunas que tivemos oportunidade de conversar se mostraram
muito patriotas e conhecedores da historia da comunidade. As crianças
chegam a escola de barco, aprendem a língua Kuna e o espanhol.
Algumas falam inglês e outras línguas, aprendidas com os turistas. Muitos Kunas também vivem e trabalham na cidade do Panamá ou em outros sítios turísticos do pais. Segundo o Kuna que nos guiou, cada criança ganha uma pedaço de ilha de presente, quando nasce, para morar com sua família após o casamento. A montanha localizada no continente é dividida em pequenos terrenos, aonde cada família planta e colhe para subsistência.
Eu,
como turista, senti algo contraditório ao conviver com os Kunas, por
um lado fiquei feliz ao conhecer uma minoria étnica organizada e ao contribuir com o turismo, principal fonte de renda da população
atualmente. Por outro lado, fiquei triste em "impor" minha
cultura urbana a este povo, principalmente ao perceber que alguns
Kunas têm o falso conceito, meio magico até, que viver na cidade é
melhor.Enquanto os turistas pagam caro para passar alguns dias no
paraíso, comer peixe, lagosta, caranguejo e lambem os beiços! Os
Kunas preferem trocar o peixe por atum em lata e batata chips ofertados pelos turistas...
Por
fim, tento pensar que a troca foi boa para ambas as partes e pretendo
voltar um dia a San Blas, tanto para descansar quanto para conviver
um pouco mais com a esta cultura tão diferente.